Santa Cecília: Castelinho no centro sucumbe em meio a incertezas sobre restauro


Apesar da lenda que ronda o castelinho da rua Apa, nº 236, até hoje não ficou provado que ele é assombrado pelos espíritos da família Reis, que morreu ali em 1937. Bons agouros, por outro lado, o palacete não tem.

De estilo eclético e com elementos arquitetônicos medievais, o casarão tombado é um dos poucos exemplares das construções do início do século passado no bairro de Santa Cecília, região central. Hoje, sem cobertura nem assoalho, com reboco incompleto e janelas quebradas, o prédio está entregue à degradação.

Desde 2008, o imóvel depende da decisão de uma ação judicial que poderá viabilizar sua restauração com verba pública após 30 anos de abandono. Outra solução é a utilização de recursos privados.

A Associação Preserva São Paulo, autora do processo na Justiça, quer que o governo federal pague a reforma, já que é o proprietário do prédio desde 1943. “Não queremos que um patrimônio importante para a cidade se perca de vez”, diz Jorge Eduardo Rubies, presidente da entidade.


Em audiência de conciliação no início deste mês, a Secretaria de Patrimônio da União se comprometeu a, no prazo de dois meses, dar uma resposta sobre a viabilidade ou não de custear o restauro. Após esse prazo, pode contratar de vez as obras ou alegar falta de recursos. Ela pode até ser obrigada pela Justiça a fazer o restauro, mas ainda caberia recurso –segundo especialistas consultados pela sãopaulo, a ação poderia tramitar por mais dez anos.

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Assim, conseguir patrocínio por meio de leis de incentivo à cultura é o foco do Clube de Mães do Brasil, ONG que em 1997 recebeu da União o direito de usar o terreno e ocupar um prédio anexo para profissionalizar ex-moradores de rua. Hoje, o castelo serve como oficina para 70 artesãos que trabalham com material reciclado.

Segundo a presidente da entidade, Maria Eulina Hilsenbeck, o projeto de captação será inscrito na Lei Mendonça (municipal) neste mês. O valor deve se aproximar de R$ 1 milhão. “Todo mundo quer o castelinho reformado, mas, na hora de pôr a mão no bolso, ninguém quer”, diz a advogada da ONG, Nanci Rowlands.

Para a procuradora da República Adriana da Silva Fernandes, o fato de a ONG buscar ajuda para as obras não isenta a União da responsabilidade. Caso o patrocínio seja alcançado, é possível rever o valor a ser custeado pelo governo federal.


Desde 2011, o castelinho tem um projeto preliminar de restauração aprovado pelo Conpresp (órgão municipal do patrimônio). Para que ele seja realizado, no entanto, ainda é necessário o projeto executivo, estimado em R$ 400 mil. Já para as obras, o escritório Paulo Bastos estima os gastos em torno de R$ 1,5 milhão.

Fonte: Folha de São Paulo