Rios ocultos cruzam Pompeia e Vila Madalena


Sob as vielas e ruas do bairro Vila Madalena e do bairro da Pompeia, na Zona Oeste de SP, circula oculto o Córrego da Água Preta. Poucos sabem que perto da Estação Vila Madalena do Metrô existe uma nascente. Na Rua Doutor Paulo Vieira, inicia-se um curso de água que segue por baixo das ruas Francisco Bayardo e Pedro Lopes, de onde é possível ainda ouvir o barulho das águas passando em um bueiro. O córrego atravessa o Sesc Pompeia, na Rua Clélia, e deságua no Rio Tietê, num trajeto de 4 km extensão. Há cerca de 60 anos enterrado, muitos só percebem sua existência quando há enchente.

O mapeamento deste e de outros córregos ocultos em São Paulo é objeto de estudo do professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP Vladimir Bartalini desde 2004. Segundo ele, a partir da década de 1950, esses riachos começaram a ser “enterrados”, por conta da urbanização.

O Córrego da Água Preta sempre foi rejeitado devido ao despejo de esgoto e lixo em seu leito. Por gerar mau-cheiro e ser visto como causador de doenças, a população da época, na maioria operários, improvisou a canalização das águas. “O córrego foi canalizado sem seguir critérios técnicos, numa tentativa de afastar o problema”, explicou o professor.

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Também sob as ruas da região está o Córrego Verde. Um de seus braços formadores nasce na Rua Heitor Penteado, próximo à Estação Vila Madalena do Metrô. Ele passa sob a Rua Gonçalo Afonso, o “Beco do Batman”, viela famosa pelos grafites nos muros das casas, cruza a Rua Fradique Coutinho e chega à Avenida Rebouças, onde se encontra com o segundo braço formador, vindo da Avenida Doutor Arnaldo, e segue até o Rio Pinheiros.

Para o professor Bartalani, esses córregos só poderão ser melhor utilizados quando a população souber da existência deles. “A conscientização é o primeiro passo. Depois, os moradores podem se organizar e reinvindicar a utilização do córrego na paisagem do bairro, por exemplo”, afirmou.

Fonte: Diário de S. Paulo