Sábado, dia 3, 22h30 da noite. Avenidas lotadas. Na esquina da Praça Frei Gregório, na Estação, cidade de Franca, uma mulher muito maquiada e com pouca roupa espera clientes. A cerca de um quilômetro dali, a mesma cena se repete. Na Praça 1º de Maio, dois travestis com trajes bastante curtos e exagerados conversam animadamente. Não demora muito e surge o primeiro cliente.
O comércio de sexo fácil nas ruas da cidade já não se restringe à região do Jardim Guanabara, antiga zona do meretrício. Está agora espalhado por pelo menos quatro novos pontos. O mais recente é a esquina entre as Avenidas Rio Branco e Paschoal Pulicano, próximo à Amazonas.
Do outro lado da cidade, na Avenida Brasil e Rua Minas Gerais, nem mesmo o movimento intenso de carros na noite do sábado espanta os travestis.
O delegado João Tostes Garcia, do 2º Distrito Policial, que responde pela área do Jardim Guanabara e Estação, disse que a Polícia tem acompanhado os novos pontos de prostituição e atuado sempre que há abusos.
“É muito difícil combater esse tipo de prostituição porque a Constituição dá a todo o cidadão o direito de ir e vir. Então, não podemos impedir essas pessoas de ficarem nas ruas e praças. Só podemos atuar em caso de crimes, como atentado violento ao pudor ou perturbação do sossego.”
Para a Justiça brasileira, a prostituição em si não é crime. O que é tipificado pela lei penal é a exploração e a promoção da prostituição.
O delegado diz que o aumento na prostituição está diretamente ligado a esta época do ano. “É uma época em que as pessoas estão com mais dinheiro por conta do pagamento do 13º salário, então, as pessoas que praticam este tipo de comércio vão para a rua de olho nesses valores.”
Os moradores e comerciantes que possuem imóveis próximos aos novos pontos de prostituições reagem de forma diferente à presença das prostitutas e travestis. Uns dizem não se incomodar. Outros dizem que o comércio do sexo atrai a criminalidade.
A moradora de uma casa próxima à esquina entre as avenidas Paschoal Pulicano e Rio Branco, que pediu para não ser identificada, disse que não sai mais de casa depois das 22 horas. “Tenho muito medo. São dois ou três travestis que ficam aqui perto e parecem ser agressivos. Então, prefiro não sair de casa quando eles estão aqui para não correr riscos.”
Valdomiro Rodrigues tem um comércio em frente à Praça Frei Gregório, na Estação. Ele diz que os travestis e prostitutas não o incomodam. “Não posso reclamar de nada porque elas nunca me fizeram mal.”
BOM MOVIMENTO
A travesti Michele (o nome é fictício), de 30 anos, tem feito ponto na Praça Frei Gregório Gil, de quinta-feira a sábado, a partir das 22 horas. Ela disse ter escolhido o novo local porque brigou com os travestis da Praça 1º de Maio.
“Elas me expulsaram de lá e me ameaçaram.” Por noite, Michele diz que consegue em média R$ 300 e que esta época do ano é a melhor para faturar porque está todo mundo está com dinheiro.
Fonte: Portal GCN