Moradores de Diadema são contrários a pancadão ‎


A proposta da Prefeitura de guia de Diadema de colocar nas mãos dos moradores a decisão de autorizar ou não a balada funk em alto volume nas ruas da cidade, popularmente conhecida como pancadão, foi rechaçada ontem pela comunidade.

“Sou contra e farei manifestação junto dos moradores”, afirmou Lucio Francisco de Araújo, líder comunitário no Núcleo Habitacional da Rua Santa Cruz, no Jardim Canhema, bairro na região Norte da cidade – um dos points do pancadão nos fins de semana.

O Diário publicou ontem reportagem em que o governo municipal diz que pretende regularizar a festa em via pública, inclusive com projeto de lei para apreciação do Legislativo – a matéria ainda não foi enviada à Câmara e está sob análise da Secretaria de Assuntos Jurídicos.

Entre as regras a serem estabelecidas e, sem dúvida, a mais polêmica, é que a balada funk só poderá ocorrer com aprovação de, no mínimo, 80% dos moradores da rua. Nesse caso, o promotor do baile terá de protocolar abaixo-assinado na Prefeitura, além do pedido para autorização da festa em via pública.


Outra medida contra a desordem dos pancadões é estabelecer o horário das 9h às 22h, em locais previamente definidos pela administração. Ou seja, uma relação de ruas e avenidas que poderão ser fechadas para a balada funk.

Porém, nada disso agradou aos moradores ouvidos ontem à tarde pela equipe do jornal, que circulou por ruas onde ocorrem os pancadões no município, principalmente nos fins de semana. Todos conversaram abertamente sobre o problema, mas pediram para não ser identificados por “medo”. Nenhum foi favorável ao abaixo-assinado.

“Não concordo em assinar nada. A rua não é lugar certo para o pancadão”, apontou um morador da Rua Santa Cruz há 27 anos, hoje metalúrgico aposentado. Coincidentemente, o grupo conversava sobre a balada funk exatamente quando a equipe se aproximou.

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Além da Santa Cruz, a Rua Santa Helena é outro endereço certo no Jardim Canhema. “É quase a noite toda. Ninguém dorme no fim de semana. Além da música alta, tem bebidas, drogas e o ronco das motocicletas para cima e para baixo”, contou uma dona de casa, moradora no bairro há 25 anos, que pretende vender o imóvel por conta do problema.


Uma grande parte dos moradores do bairro é evangélica. “As letras das músicas nos envergonham”, disse uma comerciante, mãe de uma criança e residente na rua há 20 anos. “Os vidros de casa estremecem e o volume da televisão tem de ser no máximo”, apontou outra moradora.

Para o líder comunitário Lucio, a balada na rua atrapalha a vida das pessoas. “A Prefeitura tem de chamar a responsabilidade para ela. Arrumar um local fechado para o jovem se divertir”, criticou.

A equipe ainda circulou pelo Eldorado, onde também ocorre a balada funk de rua. “Não tem lugar certo. Rola onde o carro encosta com o som do funk e antes de a polícia chegar”, contou um jovem, que estava na Rua André Mussolino.

O tenente-coronel do 24º Batalhão da Polícia Militar de Diadema, Luiz Ernesto Roland, disse ontem que, quando os policiais recebem denúncia sobre a realização da festa, vão ao local antes da ocorrência. “É uma ação de presença para inibir”, afirmou. Caso ocorra à revelia, a Polícia Militar tem de agir para que os adolescentes e os jovens deixem a rua.

O secretário de Defesa Social de Diadema, Arquimedes Andrade, disse, anteontem, que ocorrem três pancadões, em média, por fim de semana no município. As outras festas de rua já estão organizadas, como quermesses. “Agora vamos regulamentar especificamente os pancadões”, afirmou.

Fonte: Diário do Grande ABC


2 Comments

  1. Fátima 30 de agosto de 2011
  2. uma voz amiga 5 de setembro de 2011