Jazz Sinfônica internacional comemora em Diadema


No ano em que comemora dez anos, a Banda Jazz Sinfônica de Diadema tem muito a celebrar. O consistente trabalho nessa década de existência será coroado em julho, quando o grupo participará do prestigiado Montreux Jazz Festival, na Suíça. O evento inicia as atividades na sexta-feira e segue até dia 16. Será o primeiro show internacional da big band. Para anunciar a conquista, fizeram ontem um ensaio aberto no Teatro Clara Nunes.

“Temos feito um trabalho muito bonito ao longo dos anos e acho que vamos representar muito bem o Brasil e a cidade de Diadema”, diz o produtor musical Paulo Assis.

Em sua 45ª edição, o evento, considerado um dos mais respeitados do gênero em todo o mundo, contará com a presença de figuras brasileiras como Maria Rita, Ana Carolina e Maria Gadú, além de artistas de renome mundial, casos de Liza Minnelli, George Benson, B.B. King, Seal, Sting e Carlos Santana.

Os 26 músicos e a equipe técnica de sete pessoas partem para a Suíça no dia 7 e retornam dia 12. As apresentações estão agendadas para dias 9 e 10 e ambas as performances serão ao ar livre. A viagem conta com a ajuda de patrocinador, uma vez que a Prefeitura não teria condições de arcar com todos os custos. Toda aventura da Jazz Sinfônica na Europa será devidamente registrada em fotos e vídeos.


Na bagagem, eles levam o repertório ‘Brazzilidades’, no qual interpretam composições de Hermeto Pascoal, Moacir Santos e Egberto Gismonti. Também não ficam de fora canções de Noel Rosa, artista homenageado pela banda em seu primeiro CD lançado no fim de 2009. O convite para a participação no festival internacional veio justamente após o envio desse material para análise. Foi a segunda vez que tentaram ser selecionados entre as atrações.

O maestro da banda, o norte-americano Todd Murphy, diz que o convite coincidiu com um excelente momento dos integrantes. “Nossos músicos são fantásticos e hoje temos um dos melhores grupos. Manter o nível de uma banda tão grande há tanto tempo é complicado”, confessa.

O principal objetivo da viagem será aproveitar a enorme visibilidade do evento para buscar possibilidades visando o futuro de suas atividades. “O que esperamos mesmo é essa exposição para o projeto. Além da troca de experiências, buscamos maior apoio para os próximos anos”, explica Paulo Assis.

EXPECTATIVA
A ida a Montreaux deixou os músicos nas nuvens. O flautista e saxofonista Walter Pinheiro enxerga na viagem uma oportunidade “surreal”. “A viagem tem vários sentidos positivos para nós. Levamos essa participação para sempre em nosso currículo. É fora de série podermos tocar em um festival tão importante e ao lado de tantas lendas vivas do jazz”, afirma. Herbie Hancock e Wayne Shorter são alguns dos ícones que ele espera ver de perto.

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Preparado para sua primeira viagem profissional para outro país, o baixista Richard Metairon confessa que todos foram pegos de surpresa com a resposta positiva da organização. ” A referência que se tem do evento é que os melhores já passaram por lá. Poder fazer parte de tudo isso é muito legal”, comemora. “Dá um nervoso, mas vale super a pena”.

Pérolas brasileiras na bagagem

A Banda Jazz Sinfônica de Diadema preparou músicas especiais para apresentar em sua participação no Montreux Jazz Festival. “Elaborei o repertório pensando em alguns dos maiores representantes brasileiros no jazz mundial”, explica o maestro Todd Murphy.

Pérolas da música popular brasileira, casos de ‘Palhaço’, composta por Egberto Gismonti, e ‘De Bahia ao Ceará’, de Moacir Santos, estão programadas em ‘Brazzilidades’. A lista também conta com obras de Hermeto Pascoal e canções de Noel Rosa que chamaram a atenção da organização. “Queremos mostrar para o público de fora um pouco de tudo e vários estilos da música brasileira, como choro, bossa nova, xote, baião. Se tudo der certo, teremos algumas surpresas também”, projeta o maestro.

Os arranjos jazzísticos para ritmos brasileiros têm sido a marca do grupo ao longo dessa primeira década. Para o baixista Richard Metairon, o sucesso do projeto remete a essa essência. “Acho mais importante a banda tocar o repertório com que se sinta confortável e não tente agradar a todos.”

Ao contrário do que ocorre com orquestras tradicionais, a big band permite aos músicos mais liberdade criativa. “Em geral, a formação do músico é erudita e aqui trabalhamos com o jazz. O estilo nos dá a oportunidade de tocar o que está escrito na partitura mas também improvisar. Podemos colocar um molho na apresentação”, analisa Lourdes Carvalho, ‘dona’ da flauta transversal e uma das três mulheres da Jazz Sinfônica.

Fonte: Diário do Grande ABC