Estudantes de Joinville aprendem a utilizar teares manuais


A semana que passou foi de mais aprendizado para as 15 mulheres que desenvolvem trabalhos nos teares instalados na Casa Krüger, em Pirabeiraba. As últimas aulas foram com a artesã Clara Fernandes, de guia Florianópolis, que tem muita experiência em tecelagem e que usa teares manuais para desenvolver suas criações. O curso de teares de pedal começou no mês passado e agora os fios entrelaçados começam a dar corpo a mantas, trilhos de mesa, jogos americanos, tapetes e almofadas.

Clara veio a convite da ONG Comitê Fome Zero de Joinville, que teve um projeto selecionado pela Embaixada da Austrália. “A vocação desta ONG é focada no trabalho e renda. Queremos que as pessoas aprendam uma atividade e possam ser inseridas no mercado de trabalho”, afirma Regina Célia Marcis, presidente da ONG.

No ano passado, o grupo de tear Mãos que Tecem receberam o secretário da Embaixada da Austrália no Brasil, Timothy Morris, para fazer o lançamento oficial do projeto “Resgate do patrimônio cultural de natureza imaterial, relacionado à tecelagem Teuto Brasileira localizados em Joinville”. O material usado pelas alunas foi comprado pela ONG e pagos pela Embaixada.

Parte do dinheiro também serviu para pagar o desenvolvimento de estudo dos símbolos icônicos que representam o município e, a partir desta pesquisa, foi desenvolvida uma coleção de produtos para serem feitos nos teares visando à comercialização. Os desenhos foram feitos pela designer joinvilense Maria Odete Stamm.


“Ela fez uma coleção com a cara de Joinville, com estudo de cores e formas. Joinville tem força têxtil que começou com este tipo de tear. Estamos fazendo a valorização da história, da cidade e da cultura”, revela Regina. Segundo ela, os produtos feitos pelas artesãs devem apresentados em junho durante uma exposição.

Para Clara, o que está sendo feito na Casa Krüger é um projeto ousado, com iniciantes trabalhando em teares profissionais. “É um desafio e elas se ajudam muito”, afirma. Ilza Struck, 58 anos, é uma das mulheres que integram o projeto. Atualmente ela mora em Garuva, mas quando o projeto começou, morava na Estrada da Ilha e continua participando das atividades. Aluna aplicada, recebeu atenção da artesã Clara. “Temos que fazer produtos de qualidade e com acabamento de primeira”, diz Ilza.

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Márcia Miotti, 51 anos, fazia aula na Casa da Cultura e, quando a sede na rua Dona Francisca foi interditada, passou a ter aulas na Casa Krüger. Lá conheceu os teares de pedal, maiores, e ficou interessada em conhecer as técnicas. Já domina o maquinário para fazer tapetes na cidade de Joinville e agora está aprendendo a fazer manta. “São técnicas diferentes, estou fascinada com as inúmeras possibilidades de criação”, revela.

Produtos são comercializados em feiras


Luciane Sell da Silva, professora de tecelagem da Casa da Cultura que dá aulas neste projeto de extensão, desenvolve atividades com os teares da Casa Krüger antes mesmo da parceria com a Embaixada da Austrália. Este grupo de mulheres se reúne semanalmente e produz artesanato com estes equipamentos.

As peças de vestuário, casa e decoração são comercializadas em feiras, eventos e na Casa Krüger aos finais de semana. Luciane incentiva as alunas a usarem outros tipos de material além do fio de várias texturas e espessuras como sacolas plásticas, sombrinha e calça jeans. “É um aprendizado que pode gerar renda”, afirma.

Ella Urban, 80 anos, de Pirabeiraba, está a quatro anos no local e adora as atividades desenvolvidas. Ela troca informações sobre como tecer com a colega Realdina Furlani, 70 anos, que também mora no distrito. “Acha difícil, mas estou gostando. Também gosta porque converso com outras mulheres”, revela.

Fonte: Notícias do Dia