A família da mulher que morreu atropelada por um caminhão do Corpo de Bombeiros em Franca pede uma indenização de R$ 2 milhões ao Estado por danos morais, informou nesta segunda-feira (3) o advogado Marcos Rocha, que cuida do caso. Helena Gomes da Silva, de 49 anos, morreu depois de ser atingida pelo veículo na Rodovia Tancredo Neves em fevereiro deste ano, enquanto aguardava a chegada da equipe do socorro após ter se envolvido em uma colisão com uma carreta. O Corpo de Bombeiros abriu sindicância para apurar o caso e informou que a investigação foi concluída em abril, mas não deu detalhes sobre a apuração. O acidente também é alvo de um inquérito instaurado pelo 3º Distrito Policial na Cidade de Franca. O Estado preferiu não se pronunciar a respeito do assunto.
Segundo Rocha, advogado de defesa da família de Helena, o valor pedido equivale ao total de mil salários mínimos solicitados para cada um dos três herdeiros de Helena em razão de danos morais sofridos pelo acidente – as duas filhas e o neto da auxiliar de enfermagem, que estava com ela no momento da colisão.
Nos dois processos movidos pela família – um protocolado nesta segunda-feira em nome das duas filhas e outro com previsão de ser protocolado nesta terça-feira (4) em nome da criança de 6 anos – o advogado responsabiliza diretamente o Estado pela morte da mulher, alegando que o laudo pericial do acidente comprovou que o caminhão dos Bombeiros apresentava problemas de manutenção perceptíveis. “O estado precário era tão grande que o perito chega a dizer que o próprio motorista tinha condições de saber que o carro não tinha condições de ser usado para o trabalho”, afirma.
Uma possível falha nos freios, segundo ele, resultou no atropelamento da auxiliar de enfermagem. “Foi o que resultou no desastre. Chegando à descida da serra, o veículo perdeu o controle em função dos freios não terem funcionado”, disse Rocha.
Além do documento, dão base aos processos depoimentos e fotos do local do acidente. Depois que os processos forem publicados no Diário Oficial, o Estado terá 30 dias para se reportar à Justiça sobre o caso, de acordo com Rocha.
Segundo ele, a família ainda não recebeu nenhum retorno sobre as investigações realizadas pelo Corpo de Bombeiros.
Danos psicológicos
O advogado explica que um processo específico foi elaborado apenas em nome do neto de Helena devido aos distúrbios psicológicos que o acidente causou à criança depois que ela presenciou o acidente. “Isso geraria um abalo psicológico para qualquer um. Hoje ele [menino] apresenta mudança de comportamento. É uma situação que não deveria ter acontecido.”
A mãe da criança, a industriária Lorena Gomes de Morais, de 25 anos, confirma que o comportamento de seu filho ficou diferente depois que ele presenciou a avó ser esmagada pelo caminhão dos Bombeiros. Segundo ela, a criança chegou a ser submetida a um tratamento psicológico, mas os problemas permaneceram. “Ele mudou, está mais violento. Na escola tive reclamações sobre ele”, diz.
Corpo de Bombeiros
Em nota, a assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros informou nesta segunda-feira que o Inquérito Policial Militar foi encerrado e remetido ao Tribunal de Justiça Militar de São Paulo em 12 de abril de 2013. A assessoria afirmou também que até o presente momento a corporação não foi informada sobre a decisão do órgão.
Por telefone, um funcionário do 3º Distrito Policial de Franca afirmou que o inquérito ainda não foi concluído. Entretanto, o delegado responsável pelo caso não foi encontrado.
Procuradoria Geral do Estado SP
Por telefone, a assessoria de imprensa da Procuradoria Geral do Estado informou nesta segunda-feira (3) que só se pronunciará mediante uma notificação oficial com detalhes do processo. “Enquanto não formos citados, não temos como nos pronunciar”, informou.
O caso
Helena Gomes morreu na manhã de 5 de fevereiro em Franca, após ter sido atropelada pelo caminhão do Corpo de Bombeiros na Rodovia Tancredo Neves de Almeida. Segundo a Polícia Militar, antes disso a mulher tinha sido arremessada para fora do Fusca em que estava depois que seu veículo bateu em uma carreta. Caída na pista, o carro do resgate que chegava para socorrê-la a atingiu.
De acordo com a PM, a vítima levava o neto de 6 anos com suspeita de virose para o pronto-socorro de Franca quando o veículo em que eles estavam foi atingido pela carreta. Segundo a PM ela não teria respeitado o sinal de parada no cruzamento com a rodovia, próximo à saída de um condomínio de chácaras.
A mulher foi lançada pela janela do Fusca e ficou no meio da rodovia, mas acabou atingida pelos bombeiros, que foram chamados por testemunhas para socorrer as vítimas. A auxiliar de enfermagem morreu no local. O neto da vítima, de 6 anos, que também estava no banco de trás do carro, foi levado para a Santa Casa da Cidade de Franca com ferimentos leves.
Fonte: G1